Volta ao mundo saboreando diferentes tortas de maçã
Torta de maçã é um clássico, mas há muitas maneiras de prepará-la. Uma mais deliciosa que a outra. Cada uma com sotaque próprio, carregada da cultura e tradição do país em que surgiu. Que tal dar uma volta ao mundo nesses sabores, sem sair da sua cozinha? Topa? Então, vai aqui uma seleção de algumas das receitas mais famosas mundo afora que unem massas e maçãs num arranjo irresistível para o paladar. Inspire-se!
Torta de maçã pelo mundo
Estados Unidos
A mais famosa receita de maçã entre os norte-americanos é a apple pie. É um dos símbolos da culinária nacional, par inseparável do peru na mesa da Ação de Graças, uma das principais datas comemorativas do país. Essa versão é fechada. Tem base e tampa feitas com massa de farinha de trigo, gordura e água, temperada com sal, gema de ovo e vinagre. E, por dentro, um generoso recheio de maçãs descascadas, cortadas em fatias e cozidas previamente para ficarem bem macias.
Mas os norte-americanos também inventaram outra opção, que é o oposto dessa, a crumble de maçã. Ela é feita com maçã verde ou vermelha, também fatiada, mas levadas ao forno ainda cruas, sobre uma base de massa de torta sucrée. O toque decisivo é o crumble, uma espécie de “farofa” feita com farinha de trigo, açúcares refinado e mascavo, canela em pó e manteiga. Esse mistura deve ser colocada por cima das fatias de maçã e promove a crocância característica dessa torta irresistível – especialmente se servida quentinha, acompanhada de sorvete.
França
No país da torre Eiffel, Tatin é sinônimo de torta de maçã. Tão interessante quanto seu sabor inconfundível é a história por trás do surgimento desse patrimônio da culinária francesa.
Reza a lenda que essa perfeição é fruto de um erro das irmãs Stéphanie e Caroline Tatin. No século 19, elas herdaram um hotel do pai, Jean Tatin, na cidade de Lamotte-Beuvron, na região central da França. Caroline ficou com a parte administrativa e Stéphanie encarregou-se da cozinha. Uma de suas especialidades era uma torta de maçã caramelizada, que ela servia morna. Muito distraída, certa vez, Stéphanie colocou só as maçãs no forno. Ao perceber o equívoco, jogou a massa por cima e voilà: nascia ali uma torta invertida!
Esse clássico é feito do mesmo jeitinho até hoje: envoltos em caramelo (feito com açúcar e uma quantidade generosa de manteiga), os gomos da fruta são colocados no fundo da fôrma e, por cima, a massa. Depois de assada, basta desenformá-la com a parte da massa para baixo e revelar o topo com as maçãs deliciosamente caramelizadas e brilhantes.
E como essa receita saiu de Lamotte-Beuvron e ganhou o mundo? Obra de Maurice-Edmond Sailland, mais conhecido como Curnonsky, um famoso crítico gastronômico daqueles idos. Ele provou uma fatia da criação de Stéphanie e gostou tanto que fez a maior propaganda em Paris do que chamou de “tarte des demoiselles Tatin” (torta das senhoritas Tatin). O sucesso foi tal que a sobremesa entrou até em cardápios estrelados, como o do restaurante Maxim’s, um dos mais conhecidos da capital francesa.
Inglaterra
Os ingleses fazem uma versão de torta de maçã parecida com a apple pie. Ela também é fechada (massa na base e na “tampa”) tal como a norte-americana. A diferença está no recheio. A maçã é cortada em cubinhos, mas não é cozida antes, apenas macerada com uma mistura de açúcar e especiarias (canela, noz-moscada). Depois de acomodar esse recheio e colocar a “tampa” de massa por cima, basta pincelar a superfície com uma mistura de creme de leite, ovo e açúcar. Assim a torta sairá do forno com uma cor irresistível. E sabor idem!
Itália
Muito apreciada pelos italianos, a torta di mele, mais encorpada, assemelha-se melhor a um bolo, perfeito principalmente para acompanhar o lanche da tarde. A receita é simples e rústica. À massa de bolo, acrescentam-se cubinhos de maçã. Depois de acomodar a mistura na fôrma, arrumam-se por cima fatias da fruta, formando um arranjo que lembra uma escama de peixe.
Alemanha
Também entre os alemães o casamento perfeito entre massa e maçã não é exatamente uma torta. E, sim, o famoso strudel. A origem dessa receita tem duas vertentes.
Uma versão diz que o verdadeiro strudel deve ser feito com massa filo, seguindo uma tradição originada provavelmente na culinária árabe. Trata-se de uma massa finíssima, que leva pouca gordura e é aberta com rolo até ficar quase transparente. Esse é o formato que se consagrou na Áustria e foi também adotado por húngaros e tchecos.
A versão mais difundida, porém, é feita com massa folhada, mais simples de fazer, mais espessa que a filo e que incorpora mais gordura em seu preparo.
Nas duas versões de massa, o recheio mais tradicional do strudel é maçã com canela, passas e nozes. Mas é possível recheá-lo com outras frutas e até com preparos salgados.