Principais cuidados com a alimentação durante o tratamento de câncer
Durante o tratamento, muitas vezes os pacientes oncológicos precisam lidar com vários sintomas decorrentes da localização do tumor, consequências da terapia adotada ou progressão da doença. Os mais comuns são: perda de apetite, prisão de ventre, diarreia, náuseas, vômitos, mucosite (inflamação da parte interna da boca e da garganta), sensação de boca seca e saciedade precoce. O controle dos sintomas relacionados com a alimentação é fundamental, uma vez que eles diminuem a qualidade de vida e o conforto do paciente.
Uma das primeiras orientações é adaptar a dieta via oral. É importante oferecer uma dieta individualizada, focar nas preferências alimentares do paciente. Também é essencial considerar o modo de preparo e a apresentação dos pratos. E, sempre que possível, as refeições devem ser realizadas num ambiente tranquilo e com flexibilidade de horários.
Caso a quantidade de alimento que o paciente consiga comer seja insuficiente, o uso de suplemento nutricional oral pode ser indicado. A aceitação do suplemento também requer uma seleção cuidadosa do tipo, consistência, sabor e apresentação. Se ele estiver impossibilitado de se alimentar por via oral (ou até como forma de complementação), é preciso recorrer a alternativas como a terapia nutricional enteral (dietas via sonda nasoenteral ou ostomias) ou a terapia nutrição parenteral (via endovenosa).
Controle de sintomas
Para promover o conforto durante as refeições àqueles pacientes que apresentam os sintomas mencionados acima, existem várias estratégias nutricionais. Veja no quadro abaixo alguns exemplos de como administrá-los por meio da alimentação:
Fonte: “Diretriz Braspen de Terapia Nutricional no Paciente com Câncer”. Horie, LM et al. Braspen Journal. 2019; 34 (Supl 1):2-32.
Segurança alimentar
Redobrar a atenção no que se refere a segurança alimentar é essencial. Veja algumas orientações que devem estar no radar sobre manipulação e higienização dos alimentos.
- Observe a procedência e a qualidade dos alimentos, frescor das frutas, verduras, legumes, carnes, peixes e ovos. Certifique-se de que a embalagem não está danificada. Verifique a validade e mantenha os alimentos às temperaturas recomendadas nos rótulos.
- Lave bem as mãos antes de preparar ou ingerir os alimentos. A bancada e os utensílios utilizados no preparo também devem ser higienizados antes de sua utilização.
- Lave frutas, verduras e legumes devem ser lavados um a um em água corrente para remover resíduos orgânicos e partes danificadas e, posteriormente, coloque-os de molho em água clorada (cloro orgânico ou hipoclorito de sódio), à concentração de 100 a 200 ppm por 15 minutos ou conforme instruções da embalagem do produto.
- Cozinhe bem os alimentos. As carnes não devem ter partes rosadas (cruas ou malpassadas) e os ovos devem estar com as gemas duras.
- Os alimentos cozidos devem ser consumidos imediatamente.
- Se for guardar para consumir depois, armazene cuidadosamente os alimentos cozidos em recipientes apropriados e sob refrigeração (abaixo de 10°C).
- Evite contato entre alimentos crus e cozidos.
- Água mineral: utilize somente marcas de boa procedência envasadas em garrafas descartáveis. Não utilize água mineral envasada em galão retornável (10 ou 20 litros).
Referências
Lopes, GG; Oliveira, RG; Piovacari, SMF; Leung, MCA; Toledo, DO; Barrere, APN. “Narrative Review about Importance of Nutrition on Survivors and in the Prevention of Cancer”. Brazilian Journal of Oncology, 2019;15(0):1-8
Acessado em 05mar2020 https://www.wcrf.org/dietandcancer/resources-and-toolkit#accordion-1
Horie, LM et al. “Diretriz Braspen de Terapia Nutricional no Paciente com Câncer”. Braspen Journal. 2019; 34 (Supl 1):2-32.
Consenso nacional de nutrição oncológica. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Pinho, NB (org.) – 2ª ed. rev. ampl. atual – Rio de Janeiro: INCA, 2016. 112p. : Il. ; v. 2.
Resumo. Alimentos, nutrição, atividade física e prevenção de câncer: uma perspectiva global. trad. Athayde Hanson Tradutores. Rio de Janeiro: INCA, 2007.12p.