Pastel: como surgiu essa incrível receita brasileiríssima
Ao que tudo indica, nosso famoso pastel é, digamos assim, um senhor octogenário. Isso porque os levantamentos a respeito dizem que ele teria nascido na década de 1940, em São Paulo.
E quem inventou? De acordo com a versão mais difundida, foram os imigrantes chineses, a partir do rolinho primavera. A massa desse salgadinho típico da China e do Sudeste Asiático era originariamente feita com farinha de arroz, mais tarde substituída pela de trigo. Seu preparo segue duas etapas: primeiro, faz-se uma espécie de crepe, que, depois, é recheada, enrolada e frita. Recheios mais usados: legumes finamente cortados, carne ou camarão.
Quando chegaram ao Brasil, os chineses resolveram simplificar o processo, usando produtos locais e, em vez de enrolar o recheio com várias dobras, faziam apenas uma, formando uma espécie de envelope.
Aí você pensa: se foi obra de imigrantes chineses, por que tem tantos japoneses fazendo pastel até hoje? Isso porque foram estes os responsáveis pela popularização da receita.
Na primeira metade da década de 1940 vivíamos sob o clima da Segunda Guerra Mundial. Como o Japão se alinhou com as tropas alemãs, os imigrantes japoneses passaram a se camuflar assumindo hábitos culturais dos chineses para se proteger de represálias. E com esse movimento, fizeram do pastel o seu ganha-pão. Como a colônia japonesa em São Paulo já era muito maior do que a chinesa, o quitute acabou tendo um alcance maior, caiu no gosto do paulistano em geral e não demorou a conquistar consumidores em outros lugares do país.
Gostosura na simplicidade
Claro que a simplicidade da receita também contribuiu para sua propagação. Para começar, a massa é feita basicamente com farinha de trigo, uma pitada de sal e água. O segredo é encontrar o ponto certo: ela não pode ser nem muito grossa nem muito fina, para não “estourar” com o recheio. O que você coloca dentro também não pode ser muito “molhado”. Mas, em relação aos recheios, outro ponto a ser destacado é que você pode deixar a criatividade voar: dá para fazer pastel de uma gama enorme de sabores, salgados ou doces.
Ainda em relação à massa, um ponto crucial é na hora de fechar o pastel. O ideal é apertar bem as bordas com um garfo para que fiquem bem coladinhas e não abram quando estiver fritando.
Outro segredo importante é acertar na temperatura do óleo em que você irá fritar o pastel, para que ele fique crocante e sequinho. Em geral, os tachos das barracas de feira e pastelarias trabalham com óleo entre 180°C e 200°C. Em casa, o ideal é usar uma panela bem alta, para evitar acidentes. E fique atento para não queimar: a massa do pastel frita muito rápido!
Para finalizar, nada de abafar o pastel depois de tirá-lo da panela. Com isso, ele pode murchar mais rapidamente e perder a crocância. E pastel murcho ninguém merece, né? Por isso mesmo, o ideal é consumir logo, ainda quentinho.