Passa ou repassa: a origem da polêmica uva desidratada

Passa ou repassa: a origem da polêmica uva desidratada

É difícil falar sobre uva-passa sem pensar em toda a polêmica que ela pode causar à mesa. Enquanto uns adoram o toque adocicado e a textura macia que ela traz aos preparos, outros passam toda a refeição separando o ingrediente num cantinho do prato justamente pelos mesmos motivos.


E, com a chegada das festas de fim de ano, essa briga volta às manchetes das redes sociais numa luta daqueles que são contra e dos que são a favor do arroz com passas e do panetone de frutinhas. Mas, considerando que você, querido leitor, chegou até aqui, podemos chamá-lo de #uvapassalover, certo?


Pois então, saiba que você não está sozinho. Descubra a história da uva-passa.



A uva-passa, desde os primórdios


Na verdade, o consumo de frutas secas é bem mais antigo do que se pensa, data dos anos antes de Cristo. Há até um trecho na Bíblia, no capítulo sobre a história de Moisés, que cita o consumo das passas.

De egípcios a romanos, as frutas secas acompanharam com destaque a história da humanidade. Era inclusive presença certeira nos banquetes do Império Romano, sempre carregando a mensagem de fartura e prosperidade. 

Hoje, elas podem ser consumidas do café da manhã ao lanche da tarde, servindo até para adoçar receitas, como bolos, e sendo boa opção para quem segue dietas restritivas ou evita o consumo de açúcar refinado.

Aliás, uma forma de agradar os haters nesse caso é bater a uva-passa no liquidificador junto com o restante dos ingredientes da massa, assim, ela irá sumir, deixando apenas seu dulçor no preparo. 

Vestido de gala


Certa vez, esqueceu-se de colher o cacho da uva e a fruta que ficou na parreira, aos poucos, foi secando até desidratar por completo e se transformar em uva-passa. Conforme a humanidade evoluiu, criou-se também outras formas secagem. Novas maneiras que permitem dar ao cacho fresco ares nobres, de festa.


O sol continua sendo um dos meios mais utilizados, mas agora a fruta não seca mais no pé, mas, sim, espalhada em terreiros – que lembram os de café – instalados em locais com alta incidência solar, ventos moderados e baixa temperatura. De tempos em tempos, os cachos são revirados para que a perda de líquido aconteça de forma total e igualitária, o que leva três semanas em média. Ao final, poderá ser chamada de passa a uva que, ao ser pressionada, não soltar mais nenhum suco.


Porém, como o processo natural é demorado e exige cuidado redobrado com contaminações, no período das Guerras Mundiais, foi desenvolvido um mecanismo para controlar a secagem. Afinal, as frutas secas são rica fonte de energia, além de uma maneira eficaz de conservação do alimento, o que era essencial àquela época.


Hoje, portanto, também é comum o uso de secadores que permitem o controle do fluxo de ar, da temperatura e da umidade. Com isso, há agilidade do processo, bem como independência em relação às condições climáticas ideais para a produção.


E é aqui que cabe uma curiosidade: a uva seca ao sol sempre terá cor escura, com tons que variam entre marrom e preto, mesmo se tiver sido verde quando fresca. Já o processo mecânico, aliado ao uso de conservantes, garante uma cor dourada à fruta – resultando no que chamamos passa branca.