O mundo é um queijo, uma delícia de 7 mil anos

O mundo é um queijo, uma delícia de 7 mil anos

Um dos alimentos mais antigos de nossa história, reza a lenda que o queijo teria surgido há cerca de 7 mil anos e – como grande parte das melhores invenções da humanidade  – por acidente. Entre as histórias a origem do queijo está a de que, quando o ser humano domesticou animais, como cabras e ovelhas, começou a armazenar o leite em bolsas feitas com o estômago destes mamíferos. Porém, durante o transporte, o leite talhava, graças à presença do coalho animal, o que fazia com que se transformasse numa massa branca. 

Outro conto, porém, diz que o primeiro queijo foi feito ao se derramar gotas de suco de fruta ácida (como limão) no leite, o que causou a coagulação. Independentemente da versão, a verdade é que o queijo conquistou o mundo, ganhou inúmeras versões e formas de consumo e é responsável por transformar uma receita simples em algo extraordinário. Há até quem diga que não existe prato ruim, mas, sim, com pouco queijo. E você sabia que esse rico alimento é dividido em famílias, de acordo com o grau de umidade da massa? Pois vamos a elas:

Tipos de Queijo


Frescos: São os queijos de leite pasteurizado, que não costumam ter casca e têm prazo de validade curto, entre 5 e 10 dias. Sua cor é branca e a textura, bastante cremosa. São exemplos: minas frescal, cottage, boursin e mesmo o cream cheese. 


Massa mole: Aqueles que passam, no máximo, por uma prensa leve e não são cozidos. Além disso, são divididos em subcategorias: 



  • Mofo branco - a maturação acontece do exterior para o interior, o que faz com que o recheio fique bastante cremoso. Sua casca é coberta pelo fungo Penicillium candidum, responsável por barrar a entrada de outros fungos. São exemplos: Brie e Camembert; 

  • Sem casca – a massa não é cozida nem prensada, mas curada à seco, sendo sua maioria feita com leite de cabra. O grego feta é um dos mais famosos. 

  • Casca lavada – recebe esse nome porque, durante a cura, o queijo é lavado com água, soro, vinho branco, cerveja ou grappa, entre outros líquidos. O resultado é um queijo um pouco mais firme, com sabor e aroma intensos. São exemplos o Chimay e o Reblochon.


Massa azul: Podem ser mais cremosos ou semiduros. Levam o fungo Penicillium glaucum ou Penicillium roqueforti, que é incluído no leite ou na coalhada. Depois, durante a maturação, são colocadas finas agulhas de aço na massa para que haja contato do interior com o oxigênio, garantindo com que o fungo se espalhe por todo o queijo. Essa família pode ser dividida por sua potência, sendo os famosos Gorgonzola e Roquefort os mais intensos. 


Semiduros: É a família mais completa, pois os que não são totalmente de massa dura, estão incluídos neste grupo. 



  • Casca lavada – têm sabor menos intenso que seu odor. Exemplos são alguns queijos tradicionais, como os trapistas e o Serra da Estrela. 

  • Meia cura (ou casca natural) – pode-se dizer que é a maior de todas as categorias. São os queijos que têm casca natural, com parafina ou pintada e que apresentam sabor mais acentuado do que o fresco. Fazem parte desse grupo: o manchego e muitos dos de Minas Gerais (como o da Canastra). 

  • Com olhaduras – eles produzem gás carbônico durante sua maturação, e o resultado são furos na massa. O Emmental e o Gruyère são bons exemplos. Em tempo, há quem inclua esta subcategoria entre os queijos duros. 


Pasta triturada: São os queijos que, depois de triturados, são empilhados e fundidos. Este processo é chamado de cheddaring em inglês e, como o próprio nome já dá a pista, dá origem ao Cheddar. 


Duros: São os “vovôs” dos queijos, aqueles que passaram pelo mais longo processo de maturação. Além disso, seu método de produção inclui o aquecimento da coalhada, bem como a prensagem do queijo recém-feito, para a máxima retirada do soro. Podem ter textura quebradiça, como é o caso do parmesão e do Grana Padano. 


Massa filada: Seu processo de produção é diferente dos demais, visto que a técnica italiana obriga a aquecer a coalhada com água quente para dar origem a uma massa elástica, que depois é esticada até que forme um longo fio – daí o nome da família – e sem olhaduras. A mussarela é um exemplo, bem como a mozzarella di bufala e o provolone. 


 O queijo pelo mundo


Serra da Estrela - Portugal:  A cremosidade é a chave desse ouro português. Feito a partir do leite de ovelha criada na região da Serra da Estrela, sua produção acontece apenas entre os meses de outubro e abril. Para ser saboreado, basta cortar a “tampa” do queijo e aproveitar seu interior em torradas e pães ou mesmo puro, às colheradas. 


Manchego - Espanha: Típico da região de La Mancha, o queijo manchego é produzido com leite de ovelha, tem boa untuosidade na boca, massa firme e cor amarelo-claro. Seu primeiro registro está no clássico Dom Quixote de La Mancha, escrito por Miguel de Cervantes, em 1605. 


Brie - França: Quando falamos da produção francesa, é difícil escolher apenas um queijo para representar o país. Afinal, a França é um dos principais produtores do mundo, com mais de 1.000 diferentes tipos. Os primeiros registros do Brie datam de 774 e foram feitos imperador Carlos Magno. Atualmente, há duas localizações francesas com Denominação de Origem Protegida (DOP), são elas a zona de Meaux e a zona de Melun, ambas na região de Île-de-France. No geral, o queijo Brie é produzido a partir do leite de vaca cru e tem casca de mofo branco, mais firme, e interior bastante cremoso. Foi nomeado o Rei dos Queijos no Congresso de Viena em 1814.


Parmesão - Itália: Muito consumido em lascas ou ralado, devido à sua consistência dura, este queijo foi criado no Vale do Pó, na região da Emilia-Romagna. Tem sabor intenso, boa untuosidade e fica melhor com o passar do tempo. Por ser seco, é considerado um dos melhores para fazer gratinados. 


Cheddar - Inglaterra: Bem diferente daquela massa pastosa e alaranjada, o verdadeiro Cheddar é um queijo de massa fibrosa e dura. Foi criado no século 15, na cidade de Cheddar, a partir do leite de vaca e é o queijo mais vendido no Reino Unido. Sua cura varia de três meses a 18 meses ou mais.