Milho: saiba mais sobre esse cereal curinga da alimentação
e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada (...)
Sou apenas o alimento forte e substancial
dos que trabalham a terra,
alimento de rústicos e animais de jugo”.
Esses versos tão singelos, extraídos do poema “Oração ao milho”, da poetisa e doceira goiana Cora Coralina (1889-1985), descrevem a faceta modesta e generosa desse cereal tão importante na alimentação da humanidade, mas não o define completamente. Essa planta que pode ser cultivada facilmente para alimentar os mais humildes e os animais de criação também é um dos cereais mais produzidos do mundo para abastecer a indústria que fabrica uma série de derivados a partir dele.
Milho, o curinga culinário
Como fonte alimentar, o milho é riquíssimo. Para começar, é um dos mais eficientes armazenadores de energia. Ao germinar, uma única sementinha que pesa em torno de 0,3 grama dá origem a uma planta de cerca de 2 metros de altura, que pode produzir entre 600 a 1.000 sementinhas iguais a que a originou!
Esses grãozinhos poderosos concentram nutrientes importantes. Só para dar uma ideia, uma porção de 100 gramas de milho contém 360 calorias – ou seja, pode suprir uma parte significativa das necessidades calóricas diária de um adulto. Isso porque o milho tem alto teor de carboidratos, açúcares e gordura. Sua casca oferece uma boa quantidade de fibras. Completa a cesta de nutrientes: vitaminas A, E e do complexo B, além de aminoácidos e sais minerais como ferro, fósforo, potássio, cálcio e zinco.
No Brasil, o milho fresco é bastante apreciado cozido ou assado. Mas também é protagonista em receitas típicas como pamonha, curau, sucos, cremes, bolos. Já a farinha extraída dele é base para polentas, angus, cuscuzes, mingaus, broas e mais bolos, entre outras receitas. Os grãos secos rendem pratos deliciosos como as canjicas doce ou salgada, canjiquinha mineira (feita com quirera, como é conhecido o grão quebradinho).
Outros usos do milho
Na indústria, o milho tem uma infinidade de usos. Ainda no terreno da alimentação, é matéria-prima para a produção de óleo. Sua gordura também é empregada na composição de margarinas, maioneses e molhos. O amido, o fubá e a farinha servem para produzir biscoitos, pães e bolos.
No ramo da confeitaria, o xarope do milho serve como adoçante. Função que também desempenha na produção de balas de goma, chicletes, biscoitos, sorvetes, geleias e frutas cristalizadas.
Esse mesmo xarope (ou glucose) também entra na composição de sopas desidratadas, salsichas, salames e mortadelas. No hambúrguer, ele contribui para que a carne não encolha muito ao ser preparada. Dele se faz também cervejas feitas com cereais não maltados e o corante caramelo usado em cervejas, refrigerantes, chás, achocolatados em pó, molhos e caldas.
Mas esse cereal polivalente não está restrito à indústria alimentícia. É possível encontrá-lo onde menos se espera. O amido e outros compostos extraído do milho podem ser usados em produtos de limpeza, cosméticos, medicamentos, plásticos, pneus, tintas, papéis, fogos de artifício, entre outros. E mais: assim como da cana-de-açúcar, a partir do milho também se produz o etanol usado como combustível de carros.