Entenda as promessas e os cuidados que se deve ter com o regime alimentar low carb
A dieta low carb (termo inglês que define um padrão alimentar com baixa ingestão de carboidratos) não é uma unanimidade. Há um time de defensores que exaltam seus benefícios e outro grupo de especialistas que acena com uma série de críticas. Entenda aqui os prós e contras desse regime alimentar.
Numa alimentação convencional os carboidratos normalmente representam entre 50% e 60% do total de calorias diárias ingeridas. A proposta da dieta low carb é reduzir esse percentual para 40% ou menos, ficando o restante das calorias por conta de gorduras (30%) e proteínas (30%).
O tipo de carboidrato que deve entrar no prato também requer atenção. Para a low carb é importante priorizar fontes de carboidrato com boa oferta de fibras (arroz integral, por exemplo) e reduzir os produtos refinados (como arroz branco e massas à base de farinha refinada), além de doces, refrigerantes e alimentos processados.
As frutas, que contêm alto teor de fibras, estão nesse cardápio (exceto na forma de sucos, pois aí elas perdem as fibras). No entanto, é preciso focar naquelas que possuem baixo índice glicêmico, como abacate, coco, morango e damasco, e evitar as com alto índice glicêmico, caso de banana, melancia, manga, uva e abacaxi.
Para as raízes e os tubérculos, vale a mesma regra: a preferência deve recair sobre os que têm maior teor de fibras e baixo índice glicêmico, como batata-doce, abóbora, inhame e cará. Legumes e verduras estão liberados.
No terreno das gorduras, a dieta low carb privilegia fontes como as oleaginosas (castanhas e amêndoas), azeite de oliva e peixes. Como preconiza toda alimentação equilibrada, essa dieta também recomenda afastar do prato as gorduras saturadas, presentes em carnes embutidas e processadas e cortes gordos de boi e outros animais.
Benefícios prometidos
Os defensores desse padrão alimentar argumentam que a redução de carboidratos na dieta ajuda a perder peso e a conquistar uma melhor qualidade de vida, mais saúde e bem-estar.
Eles ressaltam que, de modo geral, a farta oferta de carboidratos como fonte primária de energia aumenta a produção de radicais livres, que podem contribuir para o surgimento de doenças metabólicas.
Os carboidratos estão entre os nutrientes que mais rapidamente se transformam em glicose (alto índice glicêmico), especialmente aqueles presentes em produtos refinados. A quantidade extra de glicose é armazenada no corpo como células de gordura. Em excesso, os carboidratos também acabam superestimulando a produção de insulina pelo pâncreas. Em maior quantidade, esse hormônio pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade e do diabetes.
Para os defensores da dieta low carb, a redução de carboidratos, associada ao aumento do consumo de proteínas e gorduras, promove maior saciedade, por isso as pessoas acabam consumindo menos calorias. Também faz diminuir a liberação de insulina, o que induz o organismo a utilizar os estoques de gordura como fonte de energia. Tudo isso leva a um dos principais efeitos que atraem adeptos para essa dieta: o emagrecimento.
Pontos de atenção
A perda rápida de peso é um dos principais pontos focados pelo time dos críticos da dieta low carb. Primeiro, porque se trata de uma dieta restritiva, ou seja, difícil de manter ao longo do tempo e, depois, porque o emagrecimento acelerado não está associado à queima de gordura apenas. O carboidrato está relacionado à presença de água dentro das células, por isso com ele em baixa há também redução na retenção de líquidos. Segundo estudos do professor Antonio Herbert Lancha Jr., da Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (USP), nesse processo perde-se também massa magra. Lancha Jr. lembra que os músculos são os maiores consumidores de energia e gordura corporal.
Por isso, para não colocar a saúde em risco, a dieta low carb precisa ser acompanhada de perto por especialistas que monitorem aspectos como a taxa de gordura do paciente. Também é preciso cuidado com o incremento de gordura na rotina alimentar. O excesso de gordura animal pode, por exemplo, aumentar o colesterol LDL (considerado ruim) e diminuir o colesterol HDL (o bom), aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
Fonte:
Revista Saúde, no link: https://saude.abril.com.br/alimentacao/dieta-low-carb-vale-a-pena/